Principais crenças
Embora existam diferenças entre os cristãos sobre a forma como interpretam certos aspectos da sua
religião, é também possível apresentar um conjunto de crenças que são partilhadas pela maioria deles.
Monoteísmo
Grande parte das vertentes cristãs herdaram do judaísmo a crença na existência de um único
Deus, criador do
universo e que pode intervir sobre ele. Os seus atributos mais importantes são por isso a
onipotência, a
onipresença e
onisciência. Os teólogos do chamado
Teísmo aberto discutem a atribuição destes atributos (ou parte deles) a Deus.
Outro dos atributos mais importantes de Deus, referido várias vezes ao longo do
Novo Testamento, é o
amor: Deus ama todas as pessoas e estas podem estabelecer uma relação pessoal com ele através da
oração.
A doutrina das denominações cristãs difere do monoteísmo judaico visto que no judaísmo não existem três pessoas da Divindade, há apenas um único Deus, e o
Messias que virá será um homem, descendente do rei
David
Outro ponto crucial para os cristãos é o da centralidade da figura de Jesus Cristo. Os cristãos reconhecem a importância dos ensinamentos morais de Jesus, entre os quais salientam o amor a Deus e ao próximo, e consideram a sua vida como um exemplo a seguir. O cristianismo reconhece Jesus como o Filho de Deus que veio à Terra libertar os seres humanos do pecado através da sua morte na cruz e da sua ressurreição, embora variem entre si quanto ao significado desta salvação e como ela se dará. Para a maioria dos cristãos, Jesus é completamente divino e completamente humano.
Há no entanto, uma recorrente discussão sobre a divindade de Jesus. Aqueles que questionam a divindade de Cristo argumentam que ele jamais teria afirmado isso expressamente.
Os que defendem a divindade de Cristo, por sua vez, valem-se de
versículos que, através da postura de Jesus e dentro do próprio contexto cultural judaico da época, deixariam clara sua condição divina.
A salvação
O cristianismo acredita que a fé em Jesus Cristo proporciona aos seres humanos a salvação e a vida eterna.
«Pois Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.» (
João 3:16)
A vida depois da morte
As visões sobre o que acontece após a morte dentro do Cristianismo variam entre as denominações. A
Igreja Católica considera a existência do céu, para onde vão os justos, do
inferno, para onde vão os pecadores que não se arrependeram, e do
purgatório, que é um estágio de purificação para os pecadores que morreram em estado de graça. As igrejas orientais, bem como algumas igrejas protestantes, consideram a existência apenas do céu e do inferno. Dentro do Protestantismo, a maior parte das denominações acredita que os mortos serão ressuscitados no
Juízo Final, quando então serão julgados, sendo que os pecadores serão definitivamente mortos e os justos viverão junto a Cristo na imortalidade. Já as denominações do Cristianismo Esotérico são reencarnacionistas e ponderam que nenhum homem é totalmente bom nem totalmente mau, e após a morte sofrerão as consequências do bem e do mal que tenham praticado em vida, atingindo a perfeição com as sucessivas encarnações.
A Igreja
Diferenças nas crenças
O Credo de Niceia
As crenças principais declaradas no Credo de Niceia são:
- A crença na Trindade;
- Jesus é simultaneamente divino e humano;
- A salvação é possível através da pessoa, vida e obra de Jesus;
- Jesus Cristo foi concebido de forma virginal, foi crucificado, ressuscitou, ascendeu ao céu e virá de novo à Terra;
- A remissão dos pecados é possível através do baptismo (br-batismo);
- Os mortos ressuscitarão.
Na altura em que foi formulado, o Credo de Niceia procurou lidar directamente com crenças que seriam consideradas
heréticas, como o
arianismo, que negava que o Pai e Filho eram da mesma substância, ou o
gnosticismo.
A maior parte das igrejas protestantes partilham com a Igreja Católica a crença no Credo de Niceia.
Outros textos considerados sagrados
História
Segundo a
religião judaica, o
Messias, um descendente do
Rei Davi, iria um dia aparecer e restaurar o
Reino de Israel. Na Palestina, por volta de 26 d.C.,
Jesus Cristo, nascido na cidade de
Belém na
Galileia começou a pregar uma nova doutrina e atrair seguidores, sendo aclamado por alguns como o Messias. Jesus foi rejeitado, tido por
apóstata pelas autoridades judaicas. Foi condenado por
blasfémia e executado pelos romanos como um líder rebelde. Seus seguidores enfrentaram dura oposição político-religiosa, tendo sido perseguidos e
martirizados, pelos líderes religiosos judeus, e, mais tarde, pelo Estado Romano.
Com a morte e
ressurreição de Jesus, os
apóstolos, principais testemunhas da sua vida, reúnem-se numa comunidade religiosa composta essencialmente por judeus e centrada na cidade de
Jerusalém. Esta comunidade praticava a comunhão dos bens, celebrava a "partilha do pão" em memória da última refeição tomada por Jesus e administrava o
batismo aos novos convertidos. A partir de Jerusalém, os apóstolos partiram para pregar a nova mensagem, anunciando a nova religião inclusive aos que eram rejeitados pelo judaísmo oficial. Assim,
Filipe prega aos
Samaritanos, o
eunuco da rainha da
Etiópia é baptizado, bem como o
centurião Cornélio. Em
Antioquia, os discípulos abordam pela primeira vez os pagãos e passam a ser conhecidos como cristãos.
Nas primeiras comunidades cristãs a coabitação entre os cristãos oriundos do
paganismo e os oriundos do judaísmo gerava por vezes conflitos. Alguns dos últimos permaneciam fiéis às restrições alimentares e recusavam-se a sentar-se à mesa com os primeiros. Na Assembleia de Jerusalém (
Concílio de Jerusalém), em
48, decide-se que os cristãos ex-pagãos não serão sujeitos à
circuncisão (veja
Controvérsia da circuncisão), mas para se sentarem à mesa com os cristãos de origem judaica devem abster-se de comer carne com sangue ou carne sacrificada aos
ídolos. Consagra-se assim a primeira ruptura com o judaísmo.
Na época, a visão de mundo
monoteísta do judaísmo era atrativa para alguns dos cidadãos do mundo romano, mas costumes como a circuncisão, as regras de alimentação incômodas, e a forte identificação dos judeus como um
grupo étnico (e não apenas religioso) funcionavam como barreiras dificultando a
conversão dos homens. Através da influência de
Paulo, o cristianismo simplificou os costumes judaicos aos quais os gentios não se habituavam enquanto manteve os motivos de atração. Alguns autores defendem que essa mudança pode ter sido um dos grandes motivos da rápida expansão do cristianismo.
Outros autores entendem a ruptura com os
ritos judaicos mais como uma consequência da expansão do cristianismo entre os não-judeus do que como sua causa. Estes invocam outros fatores e características como causa da expansão cristã, por exemplo: a natureza da fé cristã que propõe que a mensagem de Deus destina-se a toda a humanidade e não apenas ao seu povo escolhido; a fuga da perseguição religiosa empreendida inicialmente por judeus conservadores, e posteriormente pelo Estado Romano; o espírito missionário dos primeiros cristãos com sua determinação em divulgar o que Cristo havia ensinado a tantas pessoas quantas conseguissem.
A narrativa da perseguição religiosa, da dispersão dela decorrente, da expansão do cristianismo entre não-judeus e da subsequente abolição da obrigatoriedade dos ritos judaicos pode ser lida no livro de
Atos dos Apóstolos. De resto, os cristãos adotam as regras e os princípios do
Antigo Testamento, livro sagrado dos
Judeus.
Em Junho do ano
66 inicia-se a revolta judaica. Em Setembro do mesmo ano a comunidade cristã de Jerusalém decide separar-se dos judeus insurrectos, seguindo a advertência dada por Jesus de que quando Jerusalém fosse cercada por exércitos a desolação dela estaria próxima, e exila-se em Pela, na
Transjordânia, o que representa o segundo momento de ruptura com o judaísmo.
Após a derrota dos judeus em
70, cristãos e outros grupos judeus trilham caminhos cada vez mais separados. Para o cristianismo o período que se abre em 70 e que segue até aproximadamente
135 caracteriza-se pela definição da
moral e fé cristã, bem como de organização da
hierarquia e da
liturgia. No
Oriente, estabelece-se o
episcopado monárquico: a comunidade é chefiada por um
bispo, rodeado pelo seu
presbitério e assistido por
diáconos.
Gradualmente, o sucesso do cristianismo junto das elites romanas fez deste um rival da religião estabelecida. Embora desde
64, quando
Nero mandou supliciar os cristãos de Roma, se tivessem verificado perseguições ao cristianismo, estas eram irregulares. As perseguições organizadas contra os cristãos surgem a partir do século II: em
112 Trajano fixa o procedimento contra os cristãos. Para além de Trajano, as principais perseguições foram ordenadas pelos imperadores
Marco Aurélio,
Décio,
Valeriano e
Diocleciano. Os cristãos eram acusados de superstição e de ódio ao género humano. Se fossem cidadãos romanos eram decapitados; se não, podiam ser atirados às feras ou enviados para trabalhar nas minas.
Durante a segunda metade do
século II assiste-se também ao desenvolvimento das primeiras
heresias.
Tatiano, um cristão de origem síria convertido em Roma, cria uma seita gnóstica que reprova o
casamento e que celebrava a
eucaristia com
água em vez de
vinho.
Marcião rejeitava o Antigo Testamento, opondo o Deus vingador dos judeus, ao Deus bondoso do Novo Testamento, apresentado por Cristo; ele elaborou um Livro Sagrado, o
Evangelho de Marcião, feito a partir de passagens retiradas do
Evangelho de Lucas e das
epístolas paulinas. À medida que o cristianismo criava raízes mais fortes na parte ocidental do Império Romano, o
latim passa a ser usado como língua sagrada (nas comunidades do Oriente usava-se o
grego).
Durante o
século III, com o relaxamento da
intolerância aos cristãos, a Igreja havia conseguido muitos donativos e bens. Porém com o fortalecimento da perseguição pelo imperador
Diocleciano, esses bens foram confiscados. Posteriormente com a derrota de Diocleciano e a ascensão do imperador romano
Constantino, o cristianismo foi legalizado pelo
Édito de Milão de
313, e os bens da Igreja devolvidos.
Mais tarde, nos anos de
391 e
392, o imperador
Teodósio I combate o paganismo, proibindo o seu culto e proclamando o cristianismo religião oficial do
Império Romano.
O lado ocidental do Império cairia em
476, ano da deposição do último imperador romano pelo "bárbaro" germânico
Odoacro, mas o cristianismo permaneceria triunfante em grande parte da Europa, até porque alguns bárbaros já estavam convertidos ao cristianismo ou viriam a converter-se nas décadas seguintes. O Império Romano teve desta forma um papel instrumental na expansão do cristianismo.
Do mesmo modo, o cristianismo teve um papel proeminente na manutenção da civilização europeia. A Igreja, única organização que não se desintegrou no processo de dissolução da parte ocidental do império, começou lentamente a tomar o lugar das instituições romanas ocidentais, chegando mesmo a negociar a segurança de Roma durante as invasões do
século V. A Igreja também manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da
vida monástica.
Embora fosse unida linguisticamente, a parte
ocidental do Império Romano jamais obtivera a mesma coesão da parte oriental (grega). Havia nele um grande número de culturas diferentes que haviam sido assimiladas apenas de maneira incompleta pela cultura romana. Mas enquanto os
bárbaros invadiam, muitos passaram a comungar da fé cristã. Por volta dos séculos
IV e
X, todo o território que antes pertencera ao ocidente romano havia se convertido ao cristianismo e era liderado pelo
Papa. Missionários cristãos avançaram ainda mais ao norte da Europa, chegando a terras jamais conquistadas por Roma, obtendo a integração definitiva dos povos
germânicos e
eslavos.
Formas de culto
As formas de culto do cristianismo envolvem oração, leitura alternada de
salmos ou de passagens bíblicas tais como as de livros do Antigo Testamento, os
Evangelhos, as Espitolas e/ou o
Apocalipse. Cantam-se hinos a Deus, o Pai, Jesus ou ao Espirito Santo e aos
anjos e
santos entre catolicos romanos, episcopais e ortodoxos. A cerimónia da eucaristia é praticada diariamente ou semanalmente por católicos, luteranos, episcopais ou anglicanos e ortodoxos).
Já a equivalente
Ceia do Senhor pratica-se mensal, trimensal ou anualmente por diversas igrejas entre os protestantes. Sermoes sao pregados pelo
sacerdote,
pastor,
ancião, ministro ou outros lideres. A maioria das denominações cristãs consagra o
Domingo como dia de culto. Há denominacoes que consideram o
Sábado dia santo de guarda, entre elas Baptistas do Setimo Dia, Adventistas, Igrejas de Deus (7.o dia) e
Judeus Messiânicos. A devoção e oração individual ou em grupo nos outros dias da semana também são encorajadas.
Os católicos romanos e os ortodoxos aceitam sete
sacramentos como dispensadores de graças divinas:
Protestantes geralmente só aceitam dois sacramentos a que chamam de ordenanças:
- Batismo (para a maioria das denominações, apenas em adultos);
- Santa Ceia (não aceitando a eucaristia, voltando ao padrão bíblico "PÃO" E "VINHO", ambos aceitos apenas como símbolos).
Igrejas como a Luterana, a Metodista, a Presbiteriana e a Episcopal/Anglicana que administram batismo a recem-nascidos tambem adotam a confirmação quando a criança tem mais entendimento para assumir a responsabilidade pela sua religiosidade. Batistas, Adventistas, Pentecostais e outros optam por uma dedicação do bebê ao Senhor e só batizam quem é maduro o suficiente para decidir por si mesmo que querem realmente abraçar a fé.
Concepções religiosas e filosóficas
O cristianismo prega o amor a Deus e ao próximo como o seu fundamento espiritual. De facto estas atitudes não constituem dois mandamentos separados (1º a Deus e 2º ao próximo), mas sim um só em que nenhuma das partes pode ser excluída. A salvação espiritual é oferecida gratuitamente a quem deseja aceitá-la buscando a Deus na figura de seu filho Jesus e que a busca de Deus é uma experiência transformadora da natureza humana.
Podemos considerar três períodos que definem a concepção e filosofia do cristianismo:
- Cristianismo primitivo: caracterizado por uma heterogeneidade de concepções;
- Patrística: ocorrida no período entre os séculos II e VIII, com a transformação da nova religião em uma Igreja oficial do Império Romano fundada por Constantino e a formação de um clero institucionalizado, e cujo doutrinário expoente foi Santo Agostinho;
- Escolástica: a partir do século VIII e cujo expoente foi São Tomás de Aquino, que afirmou que fé e razão podem ser conciliadas, sendo a razão um meio de entender a fé.
A partir do
protestantismo, é necessário fazer uma diferenciação entre a história e concepção da
Igreja Católica e das diversas denominações evangélicas que se formaram.
Símbolos
O símbolo mais reconhecido do cristianismo é sem dúvida a
cruz, que pode apresentar uma grande variedade de formas de acordo com a denominação:
crucifixo para os católicos, a cruz de oito braços para os ortodoxos e uma simples cruz latina para os protestantes evangélicos. Alguns grupos preferem nao adotar nenhum simbolo e consideram a cruz de origem pagã, comparando a reverencia a objetos como
idolatria, condenada pelos mandamentos divinos.
Outro símbolo cristão, que remonta aos começos da religião. é o
Ichthys ou
peixe estilizado (a palavra Ichthys significa peixe em
grego, sendo também um
acrónimo de
Iesus Christus Theou Yicus Soter, "Jesus Cristo filho de Deus Salvador"), hoje sempre visto no protestantismo. Outros símbolos do cristianismo primitivo, por vezes ainda utilizados, eram o
Alfa e o
Ómega (primeira e última
letras do
alfabeto grego, em referência a Cristo como princípio e fim de todas as coisas), a
âncora (representando a salvação da alma que alcancou o bom porto) e o "Bom Pastor," a representação de Cristo como o dedicado
pastor das
ovelhas.
Calendário litúrgico e festividades
Os cristãos atribuem a determinado dias do
calendário uma importância religiosa. Estes dias estão ligados à vida de Jesus Cristo ou à história dos primórdios do movimento cristão.
O calendário litúrgico cristão inclui as seguintes festas:
- Advento: período constituído pelas quatro semanas antes do Natal, entendidas como época de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo;
- Natal: celebração do nascimento de Jesus;
- Epifania: para os católicos, celebra a adoração de Jesus Cristo pelos Reis Magos, enquanto que para os cristãos ortodoxos o seu baptismo. Acontece doze dias após o Natal;
- Sexta-feira Santa: morte de Jesus,
- Domingo de Páscoa: ressurreição de Jesus;
- Ascensão: ascensão de Jesus ao céu. Acontece quarenta dias após o Domingo de Páscoa;
- Pentecostes: celebração do aparecimento do Espírito Santo aos cristãos. Ocorre cinquenta dias após o Domingo de Páscoa.
Alguns dias têm uma data fixa no calendário (como o
Natal, celebrado a
25 de Dezembro), enquanto que outros se movem ao longo de várias datas. O período mais importante do calendário litúrgico é a
Páscoa, que é uma festa móvel. Nem todas denominações cristãs concordam em relação a que datas atribuir importância. Por exemplo, o
Dia de Todos-os-Santos é celebrado pela
Igreja Católica e pela
Igreja Anglicana a
1 de Novembro, enquanto que para a
Igreja Ortodoxa a data é celebrada no primeiro Domingo depois do
Pentecostes; outras denominações cristãs não celebram sequer este dia. De igual forma, alguns grupos protestantes recusam celebrar o Natal uma vez que consideram ter origens
pagãs.
Denominações cristãs
Os países com 50% ou mais da população adepta ao cristianismo estão representados em roxo, enquanto os países com 10% a 50% de população cristã estão em rosa.
No cristianismo existem numerosas tradições e denominações, que reflectem diferenças doutrinais por vezes relacionadas com a cultura e os diferentes contextos locais em que estas se desenvolveram. Segundo a edição de 2001 da
World Christian Encyclopedia existem 33 830 denominações cristãs. Desde a
Reforma o cristianismo é dividido em três grandes ramos:
- Catolicismo: composto pela Igreja Católica Apostólica e que hoje congrega o maior número de fiéis;
- Ortodoxia: originária do grande Cisma do Oriente (séc. XI) e é constituída por duas grandes Igrejas ortodoxas - a grega e a russa - que apresentam algumas diferenças entre si, nomeadamente a língua usada na liturgia.
- Protestantismo: originária da segunda grande cisma cristã (Reforma Protestante) de Martinho Lutero, no século XVI, e engloba grande número de movimentos e denominações distintas. Atualmente a Igreja Protestante (também chamada Igreja Evangélica) pode ser dividida em três vertentes:
- Denominações históricas: resultado directo da reforma protestante. Destacam-se nesta vertente os luteranos, anglicanos , presbiterianos, adventistas, metodistas e batistas.
- Denominações pentecostais: originárias em movimento do início do século XX é baseando na crença na presença do Espírito Santo na vida do crente através de sinais, denominados por estes como dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas (glossolalia), curas, milagres, visões etc. Destacam-se nesta vertente Assembleia de Deus, Igreja Presbiteriana Renovada, O Brasil para Cristo, Congregação Cristã, Igreja Cristã Maranata e a Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Metodista Wesleyana
- Denominações neopentecostais: originárias na segunda metade do século XX de avanço das igrejas pentecostais, não configuram uma categoria homogênea possuindo muita variedade nesse meio. Algumas possuem aceitação de músicas de vários estilos, outras adquiriram o formato G12. Destacam-se nesta vertente a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Fonte da Vida, Igreja Internacional da Graça de Deus, Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, Igreja Evangélica Cristo Vive, Ministério Internacional da Restauração, Igreja de Nova Vida, Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, Igreja Bola de Neve e a Igreja Unida. O grande crescimento deste segmento religioso deve-se principalmente pela pregação do Paraíso na terra, como a satisfação por bens materiais, doutrina conhecida como Teologia da Prosperidade.
Além desses três ramos majoritários, ainda existem outros segmentos minoritários do Cristianismo. Em geral se enquadram em uma das seguintes categorias:
- Restauracionismo: Segmento surgido logo após a Reforma Protestante, tendo sido porém influenciado antes pelos Anabatistas, com princípios na Reforma Radical. Creem que o Cristianismo passou por uma grande apostasia e precisa ser restaurado por completo com verdades progressivas ao longo do tempo, cuja ênfase se encontra no retorno às origens da Igreja Primitiva. Esse grupo não abrange somente protestantes, mas cristãos de outras linhas denominacionais, que não se consideram parte do Catolicismo, nem tampouco do Protestantismo, por serem considerados frutos de uma apostasia. Dentro do restauracionismo Protestante os movimentos mais expressivos são a Igreja Adventista do Sétimo Dia, os Anabatistas e o Dispensacionalismo. Nesta categoria estão enquadradas a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e as Testemunhas de Jeová, entre outras denominações. Quanto às Testemunhas de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo. As Testemunhas aceitam a Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador, rejeitando, no entanto a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus, Jeová, não crendo que Jesus é Deus.
- Cristianismo não-calcedoniano: são as Igrejas que negam as decisões do Concílio de Calcedónia (realizado em 451), por exemplo, a Igreja Ortodoxa Copta, Igreja Ortodoxa Armênia; e a Igreja Assíria do Oriente (Nestoriana).
- Cristianismo esotérico: é a parte mística do cristianismo, e compreende as escolas cristãs de mistérios e sincretismo religioso. A este ramo pertence o Gnosticismo que é uma crença com raízes antecedentes ao próprio cristianismo e que tem características da ciência egípcia e da filosofia grega. O Rosacrucianismo também se enquadra nessa vertente sendo uma ciência oculta cristã que ressalta as boas ações por meio da fraternidade.
- Espiritismo: algumas vezes é contestado como sendo uma vertente do cristianismo. Os espíritas não acreditam que uma pessoa ou ser, como Jesus Cristo, pode redimir "os pecados" de uma outra, contudo para a maior parte dos adeptos do espiritismo a obra de Allan Kardec constitui uma nova forma de cristianismo, ou então um resgate do cristianismo primitivo, que não inclui os dogmas adicionados pela Igreja Católica em seus diversos Concílios. Inclusive, um dos seus livros fundantes é denominado de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Esse livro apresenta uma reinterpretação de aspectos da filosofia e moral cristã, crendo em parte na Bíblia Sagrada.
Denominação cristã
Uma denominação, no sentido cristão do termo, é uma organização religiosa que funciona com um nome, uma estrutura e (ou) uma doutrina comuns.
Denominacionalismo é o ponto de vista segundo o qual alguns ou todos os grupos cristãos são, em algum sentido, versões da mesma coisa, apesar de suas características distintivas. Nem todas as denominações ensinam isto: a grande maioria dos cristãos pertence a Igrejas que, embora aceitem a validade parcial de outros grupos, entendem a multiplicação de vertentes como um problema que deve ser sanado. Há também alguns grupos que são vistos como
apóstatas ou
heréticos por praticamente todos os outros.
As divisões mais básicas no Cristianismo contemporâneo ocorrem entre o
Igreja Católica Romana, a
Igreja Católica Ortodoxa e as várias denominações formadas antes, durante e depois da
Reforma Protestante. As maiores diferenças entre Ortodoxia e Catolicismo são culturais e hierárquicas, enquanto as denominações Protestantes apresentam diferenças
teológicas mais acentuadas para com as duas primeiras, bem como grande diversificação doutrinária entre suas vertentes.
As comparações entre grupos denominacionais devem ser feitas com cautela. Em alguns grupos, por exemplo, congregações são parte de uma organização eclesiástica monolítica, enquanto que, em outros grupos, cada congregação é uma organização autônoma independente. Comparações numéricas também são problemáticas. Alguns grupos contam como membros tanto os adultos batizados quanto os filhos batizados dos fiéis, enquanto outros somente contabilizam os fiéis adultos
Divisões históricas
Algumas denominações ou grupos semi-cristãos do passado não existem hoje. É o caso, por exemplo, dos
gnósticos (que sustentavam um modelo dualista), os
ebionitas (que negavam a divindade de Cristo), os
apolinarianos (defendiam que Jesus teria corpo humano e mente divina), os
montanistas (que pregavam uma nova revelação concedida a eles) e os
arianos (que acreditavam que Jesus foi um ser criado ao invés de coeterno com
Deus Pai, e que, durante um período, foram mais numerosos na igreja institucional que os não-arianos). Muitos desses grupos primitivos, hoje considerados
heréticos, se extinguiram por falta de seguidores ou, de uma forma geral, por supressão por parte da Igreja, que em seus primeiros séculos passou por um grande esforço de unificação e definição do que seria ou não
doutrina cristã.
Apesar desse movimento, representado especialmente pelos primeiros
concílios ecumênicos, foram se aprofundando algumas diferenças entre as tradições oriental e ocidental. Elas derivaram inicialmente das divisões lingüísticas e sócio-culturais entre o
Império Romano do Ocidente e o
Bizantino. Em virtude do Ocidente (ou seja, a
Europa) usar o
latim como sua
língua franca e o Oriente (o
Oriente Médio, a
Ásia e no norte da
África) usarem o
grego koine para transmitir seus escritos, os desenvolvimentos teológicos tornaram-se de difícil tradução de um ramo para o outro.
A primeira rotura significativa e duradoura no
Cristianismo histórico sucedeu com a
Igreja Assíria do Oriente, após a controvérsia
cristológica sobre o
nestorianismo em
431 (entretanto, os assírios assinaram uma declaração cristológica de fé em comum com a
Igreja católica em
1994). Hoje as Igrejas Católica e Assíria vêem este cisma como um problema basicamente lingüístico, devido a problemas na tradução de termos muito delicados e precisos do latim para o
aramaico e vice-versa (veja
Concílio de Éfeso). Depois do
Concílio de Calcedônia, em
451, a seguinte grande divisão ocorreu com as Igrejas
Síria e
Alexandrina (egípcia ou copta), que se separaram em virtude de suas características
monofisitas (entretanto, o patricarca sírio
Ignatius Zakka I Iwas e o papa
João Paulo II assinaram, também, uma declaração cristológica de fé). Estas igrejas monofisistas são conhecidas como
Igrejas não-Calcedonianas (a
Ortodoxia Oriental), diferenciando-se da
Igreja Ortodoxa por aceitarem apenas os três primeiros concílios ecumênicos.
Embora a Igreja como um todo não tenha experimentado maiores divisões nos séculos seguintes, os grupos oriental e ocidental chegaram até ao ponto em que os
Patriarcas de ambas as famílias se
excomungaram mutuamente em
1054, no que ficou conhecido como o
Grande Cisma. As razões políticas e teológicas para o cisma são complexas mas o ponto mais controverso foi a questão da
primazia papal: o Ocidente insistia em que o
Patriarca de Roma mantinha uma posição especial de autoridade sobre os outros patriarcas (em
Alexandria,
Antioquia,
Constantinopla e
Jerusalém), enquanto que o Oriente sustentava que todos os patriarcas eram co-iguais, não tendo qualquer autoridade especial sobre outras jurisdições. Cada igreja considera a outra como a catalisadora da divisão e foi somente no papado de João Paulo II que se fizeram reformas significativas para melhorar a relação entre as duas.
No Cristianismo ocidental houve uma série de movimentos geograficamente isolados que precederam o espírito da
Reforma protestante. Na
Itália, no
século XII,
Pedro Valdo fundou o grupo dos
Valdenses. Tal movimento foi largamente absorvido por grupos protestantes modernos. Na
Boémia, uma região ortodoxa, os
Estados Pontifícios (na época, um estado muito mais poderoso do que a
Santa Sé atual) tomaram a região e converteram-na à fé católica. Um movimento iniciado no princípio do
século XIV por
John Huss (os Hussitas) desafiou o dogma católico, permanecendo até hoje (mais tarde, iriam dar origem aos
Morávios).
Um cisma enorme derivou-se, não intencionalmente, pela postagem das
95 teses por
Martinho Lutero, em
Wittenberg, em
31 de Outubro de
1517. Escritos inicialmente como uma série de reclamações a fim de estimular a Igreja católica a reformar-se por si mesma, muito mais do que iniciar uma nova
seita, os textos de Lutero, combinados com a obra do teólogo
suíço Ulrico Zuínglio e do teólogo
francês João Calvino, levaram a uma fissura no cristianismo europeu que criou o que é, hoje em dia, o segundo maior ramo do Cristianismo depois do próprio Catolicismo: o
Protestantismo.
Distintamente dos outros ramos (Catolicismo, Ortodoxia, os Orientais "monofisitas", os Assírios e os Anglicanos), o Protestantismo é um movimento geral que não tem uma estrutura governamental interna. Desta forma, diversos grupos, como
Luteranos,
Presbiterianos,
Congregacionais,
Anabatistas,
Metodistas,
Batistas,
Adventistas,
Pentecostais, e, possivelmente, os
Restauracionistas, (dependendo do esquema de classificação que for utilizado) são todos parte de uma mesma família.
Os mais importantes Ramos do Cristianismo
(Inclui a Igreja Assíria Oriental)
(século XVI)
(século XI)
"União"
Modelos de classificação
Apesar de, no passado, a grande maioria dos cristãos terem permanecido por séculos unidos na mesma Igreja, alguns defendem que o cristianismo jamais foi uma fé monolítica. De qualquer forma, hoje essa variedade de grupos existe, apesar deles compartilharem uma história e uma tradição comuns. O cristianismo é, atualmente, a maior
religião do mundo (somando aproximadamente um terço de sua população). Isso torna pertinente o estudo comparativo das suas várias tradições, no que diz respeito à tradição em si, à
teologia, ao
governo eclesiástico, doutrinas, formas de linguagem, etc.
Depois destes grandes ramos, vêm as famílias denominacionais. Em algumas tradições, tais famílias são definidas com precisão (como as igrejas autocéfalas nos ramos Ortodoxos). Em outras, esta precisão se perde em função da existência de grupos ideológicos que se sobrepõem (este é especialmente o caso do protestantismo, que inclui
Anabatistas,
Batistas,
Congregacionais,
Pentecostais,
Luteranos,
Metodistas,
Presbiterianos,
Igrejas Reformadas, e outros, possivelmente, dependendo da orientação do responsável pela classificação). Há, também, denominações que, no Ocidente, têm uma completa independência para estabelecer sua doutrina (por exemplo, as igrejas nacionais na
Comunhão anglicana ou a
Igreja Luterana - Sínodo de Missouri no luteranismo). Neste ponto, torna-se mais difícil aplicar a classificação às igrejas orientais e as católicas em virtude da rigidez de suas estruturas hierárquicas. Unidades mais precisas depois das denominações incluem certos tipos de concílios regionais,
congregações individuais e corpos eclesiásticos.
Grupos ocidentais
Praça de São Pedro, no
Vaticano: grande símbolo católico.
O
catolicismo e o
protestantismo são as duas maiores divisões do Cristianismo no mundo ocidental, incluindo o
anglicanismo como parte do último grupo. O anglicanismo é geralmente classificado como protestante, mas desde o
movimento de Oxford, no
século XIX, liderado por
John Henry Newman, os escritores anglicanos enfatizam uma compreensão mais católica da Igreja e caracterizam-na como melhor entendida em sua própria tradição – uma
via media, protestante e católica
ao mesmo tempo.
Um elemento central da tradição católica é a sua adesão literal ao princípio de
sucessão apostólica.
Apóstolo significa “aquele que é enviado”. Segundo o conceito católico, Jesus comissionou os doze primeiros apóstolos (veja
Personagens bíblicos para uma lista dos Doze) e eles continuaram fazendo o mesmo, impondo as mãos sobre os líderes subseqüentes da Igreja para ordená-los (comissioná-los) ao ministério. Desta forma, os católicos traçam uma linha sucessória de seus líderes em ligação com os primeiros doze apóstolos. Uma crença característica dos católicos é a de que o
Papa tem uma autoridade que pode ser ligada diretamente àquela que teria sido concedida ao apóstolo
Pedro. Há alguns pequenos grupos cismáticos dentro da fé católica, como a
Antiga Igreja Católica, que rejeitou a definição de
infalibilidade papal declarada pelo
Concílio Vaticano I, e os
Anglo-católicos, anglicanos que afirmam ser o anglicanismo a continuação do catolicismo histórico e que incorporam muitas crenças e práticas católicas. O catolicismo é amplamente designado como
Catolicismo Romano, mas este título é um reflexo pouco acurado da organização da fé católica, pois há outros
ritos distintos do
rito romano (que compõe a vasta maioria dos fiéis). Estes pequenos grupos são incluídos no
rito oriental (que é composto pelos cristãos orientais que se diferenciam de sua tradição por se submeterem à autoridade papal). O catolicismo é uma fé profundamente hierárquica na qual a suprema autoridade para matérias de fé e prática são de domínio exclusivo do
Papa.
Como o
protestantismo não representa uma organização uniforme de fiéis mas sim uma tradição religiosa que se dividiu por várias vezes, este é regularmente analisado a partir de suas grandes famílias denominacionais. Cada movimento protestante desenvolveu-se livremente e muitos se dividiram em função de questões teológicas. Um grande número de movimentos, por exemplo, teve origem a partir de avivamentos religiosos, como foi o caso do
Metodismo e do
Pentecostalismo. Temas doutrinários e questões de consciência também têm dividido os protestantes. A tradição
Anabatista, composta dos
Amish e dos
Menonitas, rejeitou as doutrinas católica e luterana do
batismo infantil; esta tradição é, também, reconhecida pela defesa intransigente do
pacifismo. O grau de aceitação mútua entre denominações e movimentos varia, mas tem crescido muito em função do
movimento ecumênico no século XX e do surgimento de organizações cristãs como o
Concílio Mundial de Igrejas. A teologia protestante para cada denominação geralmente é definida por concílios eclesiásticos locais.
Grupos orientais
No mundo oriental, a maior organização de fiéis pertence à
Igreja Ortodoxa. Ela também crê que é a continuação da Igreja cristã original estabelecida por
Jesus. De acordo com a compreensão oriental da primazia papal, o
bispo de Roma foi o primeiro em honra entre os
bispos, mas não possuía nenhuma autoridade direta sobre outras
dioceses que não fossem a sua. Conseqüentemente, cada Igreja em
comunhão com a Igreja Ortodoxa é
autocéfala, e é responsável internamente por questões de fé e prática. Hoje em dia, o
Patriarca de Constantinopla (modernamente
Istambul, na
Turquia) é conhecido como o Patriarca Ecumênico, e sustenta o título de honra entre os outros bispos (
primus inter pares). Junto às quatro igrejas mais antigas, há aproximadamente dez outras igrejas mais ou menos organizadas em linhas nacionais (há alguma controvérsia sobre se a
Igreja Ortodoxa na América é ou não autocéfala). A maior delas, e a maior de todas as igrejas ortodoxas, é a
Igreja Ortodoxa Russa. Existem, hoje em dia, alguns pequenos cismas com grupos e igrejas nacionais que não mantêm comunhão com outras igrejas ortodoxas (como é o caso da
Igreja Ortodoxa da Macedônia e da
Igreja Ortodoxa de Montenegro).
As
Igrejas não-Calcedonianas (
“monofisitas”), organizam-se de uma maneira similar, com seis grupos nacionais autocéfalos e duas organizações autônomas. Embora a região das modernas
Etiópia e
Eritréia mantenha um forte grupo de ortodoxos não-calcedonianos desde a infância do cristianismo, tais locais só alcançaram a autocefalia em
1959 e
1998, respectivamente. Como este grupos são um tanto quanto obscuros no Ocidente, a literatura sobre eles inclui, algumas vezes, a
Igreja Assíria do Oriente como parte das
Igrejas não-calcedonianas, mas os assírios mantêm independência teológica, cultural e eclesiástica em relação às outras igrejas cristãs desde
431.
Esta
Igreja "nestoriana" é administrada segundo um modelo hierárquico não muito diferente do dos católicos, e o líder eclesiástico máximo é o
Patriarca Catholicos da Babilônia, atualmente HH
Mar Dinkha IV. Em virtude da perseguição religiosa, a sede principal da Igreja se encontra em
Chicago,
Illinois, ao invés da
Assíria (norte do
Iraque e parte do
Irã). Alguns fiéis, entretanto, permanecem no Oriente Médio, e uma pequena congregação ainda existe devido aos esforços missionários na China, durante os
séculos VII e
VIII. O curioso é que, mesmo dentro deste pequeno grupo, há um Catholicos (Patriarca) rival na
Califórnia.
Outras denominações cristãs
Apesar de ser difícil estabelecer uma definição precisa do que é a corrente principal do cristianismo, há alguns grupos que caminharam para além daquilo que popularmente é definido como uma organização cristã, compartilhando, no entanto, alguma conexão histórica com a comunidade mais ampla de cristãos.
Considerando esta diversidade, torna-se quase impossível definir o que é o cristianismo sem incorrer em dois extremos: ou rejeitar todas as definições, ou adotar uma definição como autoritativa e, assim, rejeitar as outras. Em termos de objetividade científica, ambas as opções são consideradas problemáticas.
O cristianismo, mesmo em sua infância, enquanto seita
judaica, sempre rejeitou uma definição étnica. Ele foi concebido e cresceu como uma religião internacional com ambições globais, espalhando-se rapidamente da
Judéia para nações e povos de todo o mundo. Mais do que o caráter étnico, são as doutrinas que definem essencialmente o cristianismo – mesmo quando grupos étnicos mantêm-se cristãos por gerações inteiras.
Pontos distintos de doutrina podem variar desde um pequeno número de proposições simples até uma quantidade numerosa de elementos, dependendo de cada grupo. Alguns grupos são relativamente estáticos, enquanto outros mudaram dramaticamente suas definições ao correr do tempo. Como exemplo, antes do
Iluminismo, mestres cristãos que negassem a doutrina da
Santíssima Trindade (dogma amplamente sustentado, tratando das relações entre
Deus Pai,
Deus Filho e o
Espírito Santo, formulado, a nível terminológico, a partir de passagens do Novo Testamento ao longo dos quatro primeiros séculos da era cristã) seriam expulsos de suas igrejas e, em alguns casos, exilados ou mesmo destituídos da proteção da lei. Actualmente, algumas tradições de fé reivindicam não ser descendentes de nenhum dos grupos históricos, mas não deixam de se considerar cristãos na sua essência.
Quanto às
Testemunhas de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo apesar de alguns críticos as tentarem assim catalogar. Seus adeptos crêem que praticam o
cristianismo primitivo e que não são fundamentalistas no sentido em que o termo é comumente usado, mas sim rigorosos no cumprimento do
Cristianismo. Aceitam a
Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador,
rejeitando a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus Todo Poderoso,
Jeová bem como acreditam que o
Espírito Santo é a força ativa de Deus, Jeová.
Outros movimentos deram origem ao
Unitarianismo, que renunciou formalmente às suas origens cristãs em
1961 e existe como uma organização religiosa separada. Apesar de sua virtual abstenção de qualquer doutrina formal, no entanto, há
unitarianos que se auto-identificam como cristãos, apesar de serem uma minoria.
Em
1980 a
Igreja Adventista do Sétimo Dia alterou suas crenças fundamentais adicionando a doutrina da
Santíssima Trindade como uma crença básica. Essa doutrina era muito combatida pelos
pioneiros fundadores dessa denominação. Muitos membros não concordam com a mudança ao tomarem conhecimento da posição dos pioneiros e aqueles que se expressam contrários à mudança são destituídos do rol de membros e vários deles juntam-se aos
unitarianos, formando movimentos independentes.
Cristianismo Esotérico
Essas tradições advogam a ideia de que todas as formas viventes passam pelo mundo como forma de se desenvolver, iniciando-se na inconsciência e terminando na mais elevada consciência. A palavra de Cristo seria, então, válida para o atual estágio da humanidade e consistiria em despertar o homem para o amor e o altruísmo, formando, a seu devido tempo, uma fraternidade universal, até que a humanidade esteja pronta para se dirigir diretamente a Deus. Uma das organizações mais conhecidas ligadas ao Cristianismo Esotérico é a
Fraternidade Rosacruz de Max Heindel. Várias outras fraternidades
rosacrucianas também se declaram cristãs e
gnósticas, como é o caso da
Fraternitas Rosicruciana Antiqua e a
Lectorium Rosicrucianum.
Não-categorizados
Algumas denominações que surgiram em meio à
tradição cristã ocidental consideram-se cristãs, mas não católicas e nem totalmente protestantes, como é o caso da
Sociedade Religiosa dos Amigos (ou Quacres). O Quaquerismo começou como um movimento cristão de caráter evangélico e místico na
Inglaterra do
século XVII, dispensando sacerdotes e todos os sacramentos anglicanos e católicos de seu culto. Assim como os menonitas, os quacres são tradicionalmente contrários a qualquer forma de violência, como a participação em guerras.
Início das principais denominações cristãs professas
O
Cristianismo foi fundado por
Jesus de Nazaré, reconhecido pelos seus seguidores como o
Messias ou
Cristo, durante um período de cerca de três anos e meio, entre os anos 29 e 33 do Século I. As suas idéias e doutrinas foram assimiladas pelos seus principais seguidores, ou apóstolos, e largamente difundidas durante as primeiras décadas após a sua morte, sendo criadas comunidades de cristãos, ou seguidores de Cristo, em praticamente todas as cidades do
Império Romano.
As comunidades cristãs orientais, chamadas de
Igreja Católica Ortodoxa e ocidentais chamadas de
Igreja Católica Romana se desenvolveram de uma maneira relativamente independente ao longo dos séculos, entrando principalmente em conflito a partir do
século IX devido à validade do
Quarto Concílio de Constantinopla[3] e se separando definitivamente com o cisma de
1054. A partir do século XVI, foram criadas outras igrejas que, ao contrário da Igreja Ortodoxa, que crê em vários dogmas católicos, protestavam contra eles. São as
igrejas protestantes. E, a partir do século XIX, começa uma seqüência de cismas, dentro das igrejas reformadas: são criadas as chamadas
igrejas pentecostais, que crêem em vários fenômenos que são atribuídos ao Espírito Santo. Na tabela abaixo apresentam-se alguns dados sobre algumas das denominações cristãs professas que existem actualmente:
Notas
- ↑ O Papa Leão IX não foi o fundador desta denominação, mas sim o primeiro líder após a separação
- ↑ a b Apesar de as duas denominações já terem começado a se desenvolver ao longo da Idade Média, ambas só receberam seus nomes actuais - Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica do Oriente - após o Grande Cisma do Oriente em 1054.
- ↑ Miguel Cerulário não foi o fundador desta denominação, mas sim o primeiro líder após a separação
- ↑ Lutero é considerado o fundador por ter sido dele o primeiro acto real a favor a mudança.
- ↑ Os três são considerados fundadores por terem sido eles os primeiros líderes da reforma a receberem o baptismo por imersão e pregarem que assim deveria ser feito
- ↑ Apesar de ser considerado "pai do protestantismo", Lutero tinha ideias que mais tarde se desviaram a ideia de outros líderes, por isso deu-se a criação do, depois assim chamado, Luteranismo.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Denomina%C3%A7%C3%B5es_crist%C3%A3s